Biografia e Bibliografia de Luís de Sttau Monteiro
Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro nasceu no dia 03/04/1926 em Lisboa. Em 1936, o seu pai, devido à posição de Embaixador de Portugal, parte para Londres, levando-o com ele onde irá ficar até 1943, altura em que o seu pai é destituído do cargo por Salazar. Nessa altura regressa a Lisboa onde estuda e se forma em advocacia. Aí exerce ainda durante algum tempo, até que parte novamente para Londres onde se dedica ao desporto automóvel na fórmula 2. A sua estadia em Inglaterra, durante a juventude, pô-lo em contacto com alguns movimentos de vanguarda da literatura anglo-saxónica.
Regressa novamente a Portugal onde escreve no
Diário de Lisboa, destacando-se a revista “Almanaque” e o suplemento “A Mosca”,
cria ainda a secção “Guidinha” no mesmo jornal.
Em 1961, publicou a peça de teatro
“Felizmente há Luar!”, distinguida com o Grande Prémio de Teatro, tendo sido
proibida pela censura a sua representação. Só viria a ser representada em 1978
no Teatro Nacional. Foram vendidos 160 mil exemplares da peça, resultando num
êxito estrondoso. Foi preso em 1967 pela PIDE após a publicação das peças de
teatro “Guerra santa” e “A Estatua” (Sátiras que criticavam a ditadura e a
guerra colonial). Em 1971, com Artur Ramos, adaptou ao teatro o romance de Eça
de Queirós “A Relíquia ”, representada no Teatro Maria Matos.
Escreveu
o romance inédito “Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão”, adaptado como novela
televisiva em 1982 com o titulo “Chuva na Areia”. Faleceu no dia 23/07/1993 em
Lisboa.
Obras:
Ficção: Um Homem não Chora (romance, 1960),
Angústia para o Jantar (romance, 1961), E se for Rapariga Chama-se Custódia
(novela, 1966).
Teatro: Felizmente Há Luar (1961), Todos os
Anos, pela Primavera (1963), Auto da Barca do Motor fora da Borda (1966), A
Guerra Santa (1967), A Estátua (1967), As Mãos de Abraão Zacut (1968).
Felizmente
há Luar!
Características do modo dramático:
1. Texto
Principal: constituído pelas falas das personagens
·
Diálogo
·
Monólogo
·
Aparte
2. Texto
Secundário: constituído pelas didascálias. A peça é rica em indicações
cénicas. Estas didascálias assumem duas funções essenciais:
-
Indicações em itálico, normalmente entre parenteses oferecem marcações típicas das
didascálias: tom de voz, movimentos cénicos das personagens, vestuário, efeitos
de som e luz, entre outros;
- Notas
à margem do texto principal: estas didascálias constituem comentários
do dramaturgo que
interpretam/explicam as falas e os comportamentos das personagens.
Espaço
Espaço físico: a acção desenrola-se em diversos locais, exteriores e
interiores, mas não há nas indicações cénicas referência a cenários diferentes.
Espaço social: meio social em que estão inseridas as personagens, havendo
vários espaços sociais, distinguindo-se uns dos outros pelo vestuário e pela
linguagem das várias personagens.
Acção
Felizmente Há Luar! recria em dois actos a tentativa frustrada de
revolta liberal de Outubro de 1817, reprimida pelo poder absolutista do regime
de Beresford e Miguel Forjaz, com o apoio da igreja. Ao mesmo tempo, chama a
atenção para as injustiças, a repressão e as perseguições políticas no tempo de
Salazar.
A acção de Felizmente Há Luar! centra-se na figura do General Gomes
Freire de Andrade e a sua execução, mostrando, ao mesmo tempo, a resignação do
povo, dominado pela miséria, pelo medo e pela ignorância. O protagonista é
construído através da esperança do povo, das perseguições dos governantes e da
revolta impotente da sua mulher e dos seus amigos. Amado por uns é odiado pelos
que temem perder o poder.
Dentro dos princípios do teatro épico, Felizmente Há Luar! é um drama
narrativo que analisa criticamente a sociedade, apresentando a realidade com o
objectivo de levar o espectador a tomar a posição. Com a denúncia do ambiente
político repressivo daquela época, tenta provocar a reflexão sobre a opressão e
a censura que se repete no século XX.
Estrutura da Obra:
O texto organiza-se em dois actos
(que não estão delimitados por cenas): o acto I inclui acontecimentos que
decorrem entre a tentativa de evitar uma conspiração que se prepara e a
identificação de seu líder e a sua prisão; o acto II inclui acontecimentos que
decorrem entre a prisão do General e a sua execução.
“Trágica apoteose” da história do
movimento liberal oitocentista
Felizmente
Há Luar! é uma “trágica apoteose” da
história do movimento liberal oitocentista, interpretando as condições da
sociedade portuguesa no início do século XIX e a revolta dos mais esclarecidos,
muitas vezes organizados em sociedades secretas, contra o poder absolutista e
tirânico dos governadores e do Marechal Beresford.
Para que o
movimento liberal se concretize, é necessária a morte de Gomes Freire, dos seus
companheiros e também de muitos outros portugueses. Sendo encarados como
conspiradores e traidores para o poder e para as classes dominantes, que sentem
os seus privilégios ameaçados, são os grandes heróis de que o povo necessita
para reclamar a justiça. Por isso, as suas execuções acabam por ter o efeito
oposto àquilo que as figuras do poder desejam: ao invés de reforçar o medo,
tornam-se num estímulo. A fogueira acesa na noite onde arde Gomes Freire
torna-se na luz para que os oprimidos e injustiçados lutem pela liberdade. Na
altura da execução, as últimas palavras de Matilde, “ a companheira de
todas as horas” do general, são de coragem e estímulo para que o Povo se
revolte contra a tirania dos governantes.
Paralelismo entre o Tempo da História
(1817) e o Tempo da Escrita (1961):
Elementos Simbólicos:
·
Paralelismo
de construção do início dos dois actos:
Os dois actos deste texto dramático
começam exactamente da mesma forma, para sugerir que, após a prisão do General,
a situação do povo continua exactamente na mesma, se não mesmo pior, pois com a
prisão de Gomes Freire, o povo perde até a esperança.
·
O título: Felizmente
Há Luar!
A expressão é primeiro usada por D.
Miguel que, devido às execuções prolongadas, se alegra por haver luar, de modo
a concretizar o castigo que acredita que purificará a sociedade e irá dissuadir
outros conspiradores. As mesmas palavras, são depois usadas por Matilde e
servem de estímulo para que o povo se revolte contra a tirania dos governantes;
para Matilde os heróis amedrontam os poderosos mas tornam-se uma espécie de luz
para que outros, seguindo-lhes o exemplo, lutem pela liberdade. É de notar que
neste texto a escuridão nunca é total, porque pretende ensinar-se que há sempre
esperança.
Personagens:
General Gomes Freire d’Andrade: (está sempre presente nas falas das personagens,
apesar de nunca aparecer), personalidade carismática e de prestígio, admirada
pelo povo, desperta ódios e inveja nos poderosos, opõe-se à presença inglesa em
Portugal e à ausência do rei, luta pela liberdade, grão-mestre da maçonaria,
estrangeirado, lucido, inteligente, justo, leal, etc.
William Beresford: poderoso,
interesseiro, calculista, mercenário, trocista, sarcástico general inglês,
severo e disciplinador; mandou matar Gomes Freire d’Andrade.
D. Miguel Pereira Forjaz: primo de Gomes Freire D’Andrade, governador do reino,
defensor do absolutismo, prepotente, injusto, intolerante, cínico, autoritário,
ambiciosos, desumano, calculista, medíocre, rancoroso.
Principal Sousa: fanático, corrompido pelo poder eclesiástico.
Matilde: “a companheira de todas as horas”, corajosa; exprime
romanticamente o amor; reage violentamente perante o ódio e as injustiças,
afirma o valor da sinceridade; desmascara o interesse, a hipocrisia; ora
desanima, ora se enfurece, ora se revolta, mas luta sempre.
Sousa Falcão: “o inseparável amigo”, sofre junto de Matilde perante
a condenação do general, assume os mesmos idiais de justiça e de liberdade, mas
não teve a coragem daquele.
Manuel: “o mais consciente dos populares”, andrajosamente
vestido; assume algum protagonismo por dar inicio aos dois actos; denuncia a
opressão a que o povo tem estado sujeito e a incapacidade de conseguir a
libertação e sair da miséria em que se encontra.
Vicente: elemento do
povo; falso; hipócrita; interesseiro; alpinista social; cúmplice do conselho de
regência; delator: pretende ser chefe de polícia; revoltado por pertencer ao
povo; ambicioso; traidor do povo.
Os Símbolos:
Saia Verde:
·
A
felicidade: a prenda comprada em Paris, com o dinheiro da venda de duas
medalhas do General.
·
Ao escolher
aquela saia para esperar o General, destaca a “alegria” do reencontro.
O título surge por duas vezes ao
longo da peça:
·
D. Miguel
salienta o efeito dissuasor que aquelas execuções poderão exercer sobre todos
os que discutem as ordens dos governadores.
·
Na altura da
execução, as últimas palavras de Matilde, são de coragem e de estímulo para que
o povo se revolte contra a tirania dos governantes.
A Luz está associada à vida, à saúde, à felicidade, enquanto a noite e
as trevas se associam ao mal, à infelicidade, ao castigo, à perdição e à morte.
A Lua, por estar privada de luz própria, na dependência do sol. Esta é
símbolo de transformação e de crescimento.
A fogueira: após a
prisão do general, num diálogo de "tom profético" e com "voz
triste" (segundo a didascália), o Antigo Soldado, afirma: "Prenderam
o general…Para nós, a noite ainda ficou mais escura…". A resposta ambígua
do 1º Popular pode assumir também um carácter de profecia e de esperança:
"É por pouco tempo, amigo. Espera pelo clarão das fogueiras…".
Matilde, ao afirmar que aquela fogueira de S. Julião da Barra ainda havia de
"incendiar esta terra!", mostra que a chama se mantém viva e que a
liberdade há-de chegar.
A moeda de
cinco réis é símbolo de desrespeito (dos mais
poderosos em relação aos mais desfavorecidos) apresenta-se como represália,
quase vingança, quando Manuel manda Rita dar a moeda a Matilde.
Os Tambores são símbolo da repressão, provocam o medo e
prenunciam com ambiência trágica da acção.
Na minha opinião....
Na obra de Luís de Sttau Monteiro, existe uma personagem que marca qualquer ser humano, Matilde. Acho que hoje em dia não existem muitas pessoas com a sua força de vontade, com a sua força de lutar pela justiça e pela liberdade. Hoje, o povo prefere ficar calado e se sujeitar aos seus superiores, muitos deles sem coração. Existe ainda o General Gomes Freie d´Andrade, que apesar de estar sempre sempre nunca aparece. É uma personagem que nunca desistiu de si próprio nem do que era melhor para ele e para o povo, foi uma personagem que támbém me marcou muito devido a sua força.
Na obra de Luís de Sttau Monteiro, existe uma personagem que marca qualquer ser humano, Matilde. Acho que hoje em dia não existem muitas pessoas com a sua força de vontade, com a sua força de lutar pela justiça e pela liberdade. Hoje, o povo prefere ficar calado e se sujeitar aos seus superiores, muitos deles sem coração. Existe ainda o General Gomes Freie d´Andrade, que apesar de estar sempre sempre nunca aparece. É uma personagem que nunca desistiu de si próprio nem do que era melhor para ele e para o povo, foi uma personagem que támbém me marcou muito devido a sua força.
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