O Estoicismo e o Epicurismo

O Estoicismo

Movimento filosófico que nasceu em Atenas e cujo nome deriva do local em que Zenão de Citio, o seu fundador, instalou a respetiva escola: stoà poikile, quer dizer, o "Pórtico das pinturas". O estoicismo teve início por volta do ano 300 a. C. e prolongou-se até ao século II d. C. Além de Zenão, foram adeptos deste movimento Cleantes de Assos, Crisipo, Posidónio, Séneca, o escravo Epicteto e o imperador Marco Aurélio. Tal como para os filósofos cínicos, com quem se relaciona este movimento, o homem é o centro da problemática estoica, sobretudo no que diz respeito à moral.
Vê a natureza como composta de dois princípios, dos quais um é ativo e outro é passivo, um é a matéria e outro é a razão, o Logos, que identifica com Deus; mesmo deus é material, embora subtil. É este último princípio que, ao misturar-se com a matéria grosseira que constitui o corpo, a ordena, agindo como um artífice e presidindo ao destino que está ditado previamente. Dos quatro elementos naturais (fogo, ar, água e terra), o fogo é o princípio ativo.
O estoicismo defende a ideia de que o universo decorre temporalmente por ciclos que se repetem quando os astros regressam às suas posições primordiais; cada ciclo é chamado grande ano.

O Epicurismo

Doutrina filosófica fundada por Epicuro em Atenas por volta do ano 307 a. C. e que durou até ao século V d. C., tendo sido retomada no século XVI por Gassendi, entre outros. Epicuro nasceu em Samos em 341 e morreu em Atenas em 271 a. C. Nas suas viagens foi formando um grupo de amigos e discípulos, entre os quais propagava as suas doutrinas, sobretudo em Mitilene e Lâmpsaco, fixando-se depois em Atenas. O epicurismo estava sobretudo preocupado com a vivência prática - a vida comunitária e a prática da virtude -, mais do que com a justificação teórica, tratava de seguir dogmaticamente as posições fundamentais do seu primeiro mestre no que diz respeito à ética, à gnosiologia, à física e à cosmologia. O ponto central em torno do qual todos os outros se ordenam é a ética; neste âmbito Epicuro defendia que o homem deve procurar a felicidade e que a encontra em duas formas de prazer: o perene e o que está sujeito a alteração. O prazer é o equivalente à ausência de dor, sendo, portanto, esse o objetivo supremo do homem. A dor física é a mais fácil de eliminar, pois normalmente, pensava Epicuro, tem pouca duração; já a dor moral ou espiritual é mais difícil de dominar, pois está enraizada no homem e nem sempre se lhe conhecem as causas. É aqui que entra a sua teoria do conhecimento, pois para conhecer as causas do sofrimento moral ou espiritual há que procurar a verdade e deixar para trás as opiniões falsas. É neste sentido que Epicuro procura explicar que as perceções, materiais ou espirituais, são sempre verdadeiras, o juizo que formamos acerca delas é que pode não ser.
A busca da felicidade culminaria num estado tal que o homem se tornaria livre, independente das sujeições ao mundo, aos seus sofrimentos e, sobretudo, aos medos que o dominam irracionalmente, como seja o medo à morte.
Quanto à sua cosmologia e à sua física, defende, no fundamental, o atomismo materialista de Demócrito, o qual teria conhecido através de Nausífanes: tudo é composto por átomos, inclusivamente a alma, embora estes sejam mais subtis do que os do corpo.